No final de julho, Mirtes Mirtes Fachin, que atualmente vive em Florianópolis, esteve em Flores da Cunha para visitar as amigas Luciana e Juliana Ferrarini. Na casa da Lu rolou o primeiro ensaio. “Quando a Mirthes chegou, tocamos como se o tempo não tivesse passado”, descreve Luciana. A Mirtes trouxe as duas pra conhecerem o estúdio e surgiu a ideia de registrar esse ensaio. Na produtora, o trio reviveu e relembrou momentos.
Passagem para 1983
Três passageiras se reencontram e rumam para a ferrovia cujo endereço só elas conhecem. Parecia que o trem não passaria. Mas um apito distante anunciou a aproximação. O roteiro era uma viagem pelo tempo. O destino: 1983. A passagem: a saudade. Mirtes Fachin e as irmãs gêmeas Luciana e Juliana Ferrarini revisitaram-se aos 17 anos. Na época, uma ferida começava a se transformar numa bela cicatriz, que hoje, volta e meia, ainda lateja.A vivência com o pai somada aos fatos da vida e à poesia inspiraram Mirtes a escrever letra e música de Cantigas de um velho. Ela conta que, às vezes, chega a acreditar que uma força maior incorporava e escrevia por ela. “De onde vem? Pra onde vai? Com a idade que eu tinha!? Eu não sei...”, revive.
A música foi interpretada pelo grupo Cicatrizes na 9ª Vindima da Canção. O festival tinha força incomum. A participação do público era intensa. Para os músicos de todo o Estado, mas principalmente para os da cidade serrana, o festival era a grande motivação para compor. A interpretação que o trio deu a Cantigas de um velho levou a premiação de Compositor Revelação. O álbum, fruto daquela Vindima, não foi gravado.
28 anos depois, a canção ganhou registro na Sona Produtora. A ideia de produzir a representação de um ensaio, inclusive em sua forma de captação, foi baseada na audição de fitas K7, que o grupo gravava nos ensaios na década de 1980 e que estão na produtora para restauração. A captação do áudio foi realizada com mínima produção e sem edição.
Cicatrizes - Cantigas de um Velho by sona-produtora-de-som
O trem devolveu-as ao ponto de partida. Elas estão prontas para a próxima viagem. A música é uma bagagem que se carrega sempre, presente na memória, basta o trem passar. E só elas sabem a que horas passa esse trem...
Texto: Shamila Carpeggiani
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